And then I saw her, she's just crying under my favorite tree
I talk to her, I was trying, to show what she couldn't see.
- Tchubaruba, Mallu Magalhães ♪
E nunca houve tarde mais turbulenta, porém mais feliz do que aquela.
Estava um dia bonito demais e aquela menina era bonita demais para ter o rosto tomado de lágrimas daquele jeito.
E o menino não pensava em outra coisa além da sorte que teve desta menina bonita escolher logo a sua arvore para chorar.
E o menino não pensava em outra coisa além do azar que teve de ser tão tímido e não ter nada em mente para consolá-la.
Daquele jeito acanhado não conseguiu extrair muitas idéias, e no final, o único movimento que fez foi dar a volta e sentar do outro lado da grande arvore, abrir seu romance e tentar esquecer o chorôrô que acontecia do outro lado, já que ele não tinha forças para tomar alguma atitude.
Lá pelas tantas, ele ouve a voz doce da doce menina, em meio a soluços.
-Amor? - a voz sai fanha.
E aquilo soou tão bem para o menino, aquela alegria esperançosa se contagiou por cada parte de seu insignificante corpo e ele silenciosamente fantasiou.
-Amor... amor...!
-Amor. Pensei que você não ligaria mais! Por que você demorou tanto? - a menina indagou, começando a enxugar as lágrimas e se recuperar.
E no que o menino percebeu que aquilo não era com ele, a alegria que havia se espalhado por todo lugar, morreu tão rápido quanto apareceu. Poderia sair dali na mesma hora sem que a menina percebesse, ou poderia fazer qualquer barulho para a menina percebê-lo. Mas de qualquer forma, não queria ser percebido, então só continuou em silêncio no seu canto , ou melhor, do seu lado.
-Oque? Rô, não fala uma coisa dessas. É claro que você tá confuso!
...
-Não!Não! - a menina já berrava - Rodrigo, você tá enganado. Depois de tudo você vem me falar isso!
A menina volta a chorar e parece que quem estava do outro lado da linha finalizou de vez, porque o telefone foi arremessado longe pela menina.
O menino sem dizer nada, levantou-se e foi pegar o celular, deixou o do lado dela e sentou-se ali mesmo sem falar um pio. De poucos em poucos, o tímido rapaz chegou mais perto, a abraçou e falou que tudo ficaria bem. De poucos em poucos a doce moça foi parando de chorar, agradeceu o desconhecido e deu um triste sorriso: ainda não estaria pronta. Ele compreendeu.
Conversaram por um bocado, a menina se sentiu amada, e o menino, como se estivesse protegendo uma boneca de porcelana. Se tornaram grandes amigos, talvez alguma coisa maior que isso estaria por vir, mas de uma coisa ambos estavam convictos:
Nunca houve tarde mais turbulenta, porém mais feliz do que aquela.