quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Careta




E eu sou muito careta. Digo que sou descolada, in, tenho meus momentos I Don't Care, fico até altas da noite no computador, tomando aquele capuccino bem forte.
Mas no fundo, sou careta. Digo que vou ter um emprego bem pago, morar em um apartamento - duplex, parece mais chique- ter um cachorro, ficar longe dos pais, talvez fazer intercâmbio em um desses países pouco conhecidos.
Mas lá no fundo, no fundinho, sou careta. Acredito no amor, em ter filhos- é filhos, um casal, lembra? - e fico pensando nos nomes, combinando os sobrenomes, o seu do lado do meu, só para ver se fica legal.
Sinto aquele frio na barriga, quero aquelas antigas palavras meigas sussurradas no canto do meu ouvido, e quero também que você me olhe e diga baixinho,  quase sem palavras, que me ama.
Quem não é careta?
Poder ficar deitada ao seu lado, somente te olhando, e você passando a mão no meu cabelo, e eu segurando sua mão, como se soltando-a eu fosse perde-lo.
Ficar horas no telefone e não querer desligar depois - mais careta que isso?- e sentir aquela saudade mesmo depois de te ver.
Já fingi que não acreditava no amor, e já espalhei para os quatro canto dos mundo que isso não existe e que desperdiçar nossa vida com o amor é balela.
Mas como todo mundo sabe, esse amor meche com as nossas idéias mesmo.

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